Constipação Funcional: Como a Fisioterapia Pode Atuar Além do Intestino

  

A constipação funcional é uma queixa comum, mas que raramente é compreendida em sua totalidade, até mesmo por profissionais da saúde. Quando falamos em fisioterapia, muitos ainda limitam sua atuação ao movimento articular, ao fortalecimento muscular ou ao alívio da dor. Mas o papel da fisioterapia – especialmente dentro da uroginecologia e da fisioterapia pélvica – vai muito além disso, inclusive no manejo de disfunções como a constipação funcional.

Antes de tudo: o que é constipação funcional?

Ao contrário da constipação causada por doenças orgânicas, como obstruções intestinais ou uso de medicamentos, a constipação funcional é um distúrbio de motilidade intestinal sem causa aparente. O trânsito está mais lento, há dificuldade para evacuar, esforço excessivo, sensação de evacuação incompleta, e muitas vezes a necessidade de manobras digitais para ajudar o processo.

A origem, porém, pode estar em um fator que poucos investigam: a musculatura do assoalho pélvico e o padrão respiratório do paciente.

O que o fisioterapeuta pode (e deve) observar?

1. Avaliação do assoalho pélvico

Muitas mulheres (e homens também) com constipação funcional apresentam disfunção na coordenação do assoalho pélvico durante a evacuação. Isso significa que, ao invés de relaxar para permitir a passagem das fezes, essa musculatura contrai. É o chamado “paradoxal do assoalho pélvico”.

Essa disfunção precisa ser avaliada com cuidado, usando recursos como biofeedback, palpação intrarretal ou transanal (quando for o caso e com autorização do paciente), além da observação do padrão respiratório e da sinergia abdominal-perineal.

2. Avaliação da respiração e da pressão intra-abdominal

Um padrão respiratório alterado – como a respiração apical crônica – compromete o funcionamento adequado da musculatura abdominal profunda e o controle da pressão intra-abdominal. Isso impacta diretamente a defecação, já que essa pressão é necessária para empurrar o bolo fecal em direção ao reto.

Se a respiração não está coordenada, e se o transverso abdominal e o assoalho pélvico não trabalham em conjunto, a evacuação será sempre dificultada, mesmo que o intestino esteja funcionando bem.

Quais são as intervenções mais eficazes?

1. Treinamento de coordenação abdomino-perineal

Ensinar o paciente a usar corretamente a musculatura do abdômen e do períneo é essencial. Isso inclui:

  • Contração voluntária e sustentada do assoalho pélvico (para fortalecer);

  • Relaxamento consciente da musculatura (muitas vezes mais importante que o fortalecimento);

  • Coordenação com o padrão respiratório e o esforço evacuatório;

  • Evacuação em posição ideal (como o uso do banquinho para elevar os joelhos e simular o ângulo anorretal mais favorável).

2. Exercícios hipopressivos

Os hipopressivos atuam de forma indireta, mas poderosa, na normalização do tônus do assoalho pélvico, na ativação do transverso abdominal e na reorganização da pressão intra-abdominal. Eles são excelentes aliados em casos de constipação funcional, especialmente quando há associação com disfunções posturais ou hérnias.

3. Liberação miofascial e mobilização visceral

Técnicas manuais que liberam tensões na musculatura abdominal, na fáscia pélvica ou no trajeto do cólon também podem melhorar a motilidade. A manipulação do cólon esquerdo (descendente e sigmoide), por exemplo, pode estimular peristaltismo e facilitar a movimentação do conteúdo intestinal.

4. Biofeedback e eletroestimulação

Em alguns casos, o uso do biofeedback pode ajudar o paciente a entender melhor o padrão de contração e relaxamento do assoalho pélvico. Quando necessário, a eletroestimulação pode ser empregada com fins neuromodulatórios ou para facilitar a percepção perineal.

Quando a fisioterapia precisa referenciar?

É importante que o fisioterapeuta tenha consciência de que a constipação funcional pode ser multifatorial. Casos que não evoluem com o tratamento fisioterapêutico devem ser reavaliados em parceria com o gastroenterologista, nutricionista e até psicólogo, principalmente quando houver quadros de ansiedade, transtornos alimentares ou traumas relacionados ao processo de evacuação.

Vamos concluir?

A constipação funcional é mais do que um problema intestinal: é uma disfunção de sistema, e o fisioterapeuta tem papel fundamental nesse cuidado. Avaliar além do intestino, enxergar o paciente em sua totalidade e atuar de forma integrada são pilares de um tratamento eficaz.

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