Como Avaliar o Assoalho Pélvico com Segurança e Precisão na Clínica

 


A avaliação do assoalho pélvico é um dos pilares do atendimento fisioterapêutico em uroginecologia. Seja no tratamento da incontinência urinária, da dor pélvica crônica, da constipação funcional ou das disfunções sexuais, entender o funcionamento e a integridade dessa musculatura é fundamental para que possamos traçar uma conduta terapêutica eficaz.

Mas como fazer essa avaliação com segurança, respeito e precisão clínica?

Primeiro: a relação terapêutica vem antes do exame

Antes de qualquer avaliação física, é indispensável construir um vínculo de confiança com a paciente. Diferente de outras áreas da fisioterapia, aqui lidamos com uma região cercada de tabus, constrangimentos e, muitas vezes, traumas silenciosos. Por isso, o acolhimento precisa ser verdadeiro, empático e respeitoso.

Explique o que será avaliado, por que essa avaliação é importante e como ela será feita. Deixe claro que a paciente pode recusar qualquer etapa, a qualquer momento. Isso não apenas cumpre os princípios éticos, como também melhora a adesão ao tratamento.

Anamnese: comece com um bom roteiro

A anamnese é a base. Um roteiro de avaliação do assoalho pélvico deve incluir:
  • Frequência urinária e intestinal;
  • Percepção da força perineal;
  • Episódios de escape de urina ou fezes;
  • Hábitos de ingestão hídrica;
  • Queixas sexuais;
  • Presença de dor em repouso ou ao esforço;
  • Histórico obstétrico e cirúrgico;
  • Nível de atividade física;
  • Uso de medicações que alterem o tônus muscular ou a função miccional.
A escuta atenta muitas vezes já aponta o caminho.

Avaliação física: como examinar com responsabilidade

A avaliação física pode ser externa ou interna, e sua escolha dependerá da queixa da paciente, da autorização expressa e da experiência clínica do fisioterapeuta.

Avaliação visual

Na posição ginecológica (com conforto e privacidade):

  • Observe o tônus em repouso;
  • Verifique a simetria da região;
  • Peça para realizar uma contração voluntária e observe a movimentação do períneo (elevação? abaulamento?);
  • Teste a manobra de Valsalva para observar se há escape urinário, descida perineal exagerada ou prolapso visível.

Palpação externa

Com luvas e lubrificante, pode-se palpar as estruturas musculares superficiais em busca de pontos gatilho, áreas de dor ou hipertonia.

Avaliação intravaginal ou intra-anal

Quando autorizada pela paciente (e sempre com consentimento formalizado):

  • Avalie a força de contração voluntária (Escala de Oxford ou PERFECT);
  • Verifique a resistência ao toque, presença de dor, tônus basal;
  • Observe a capacidade de relaxamento após a contração.

Importante: Essa avaliação deve ser feita com respeito absoluto ao corpo da paciente, sempre garantindo sua dignidade, explicando cada etapa e interrompendo imediatamente em caso de desconforto.

Ferramentas complementares

  • Biofeedback: permite visualizar a atividade muscular do assoalho pélvico, ajudando no diagnóstico e no engajamento do paciente.

  • Ultrassonografia perineal (se disponível): permite uma avaliação dinâmica e não invasiva.

  • Diário miccional ou intestinal: ajuda a entender os hábitos e padrões funcionais da paciente.

Avaliar é também educar

Durante a avaliação, o fisioterapeuta tem uma oportunidade de ouro para educar. Mostrar à paciente que aquela musculatura existe, que pode ser treinada e que responde ao tratamento melhora sua percepção corporal e engaja o tratamento.

Segurança: o profissional também deve se proteger

A avaliação do assoalho pélvico exige conhecimento técnico, ética e clareza nos procedimentos. Sempre:

  • Registre o consentimento da paciente;
  • Realize o exame em local apropriado e privativo;
  • Tenha um jaleco extra para uso da paciente, se necessário;
  • Documente tudo com clareza no prontuário.

Vamos Concluir?

Avaliar o assoalho pélvico com segurança e precisão exige sensibilidade clínica, conhecimento anatômico e domínio técnico. Mas exige também respeito, acolhimento e empatia. O fisioterapeuta que compreende o impacto dessas disfunções na qualidade de vida das pacientes sabe que, mais do que músculos, estamos lidando com histórias, identidades e experiências.

Essa avaliação pode (e deve) ser um ponto de virada para muitas mulheres. E cabe a nós, fisioterapeutas, conduzirmos esse momento com responsabilidade e humanidade.🔗 Quer aprofundar seus conhecimentos em diversas especialidades da fisioterapia?
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