Exercícios Hipopressivos: Quando Usar, Como Aplicar e Principais Benefícios

 

Você provavelmente já ouviu falar dos exercícios hipopressivos, especialmente em contextos como estética abdominal ou fortalecimento do core. Mas na fisioterapia uroginecológica — e também em outras áreas como a ortopédica e respiratória — o hipopressivo vai muito além do abdômen "seco".

Neste texto, vou te mostrar como aplicar os hipopressivos de forma clínica, com base em evidência, segurança e objetivos terapêuticos reais.

O que são os Exercícios Hipopressivos?

Os hipopressivos são exercícios posturais e respiratórios baseados em técnicas de aspiração diafragmática, que reduzem a pressão intra-abdominal. Essa diminuição pressórica ajuda a ativar reflexamente a musculatura profunda, como o transverso abdominal e o assoalho pélvico.

Ao contrário de exercícios tradicionais abdominais — que geram aumento de pressão — os hipopressivos são chamados de “ginástica abdominal hipopressiva” justamente por trabalharem em descompressão.

Quando Usar os Hipopressivos na Prática Clínica?

Os hipopressivos não são panaceia, nem devem ser prescritos indiscriminadamente. Eles são altamente eficazes em alguns cenários específicos:

✅ 1. Incontinência urinária leve a moderada

O uso de hipopressivos pode ser um complemento importante, pois ativa o assoalho pélvico de forma indireta e reflexa, sem sobrecarregá-lo.

✅ 2. Pós-parto

Principalmente após partos vaginais com alterações na musculatura pélvica e abdominal. Os hipopressivos auxiliam na reorganização da fáscia abdominal e na redução de diástase, com menor risco de provocar prolapsos.

✅ 3. Prolapsos de órgãos pélvicos (graus leves)

Por reduzirem a pressão sobre o períneo, esses exercícios ajudam na estabilização da pelve e no alívio de sintomas.

✅ 4. Dores lombares associadas à instabilidade do core

A ativação dos músculos profundos melhora o controle postural e reduz sobrecargas lombares.

❌ Evite em:

• Hipertensão arterial descontrolada

• Glaucoma

• Gestantes

• Hérnias ativas

• Pacientes com crises de ansiedade

Avaliação criteriosa é fundamental! O fisioterapeuta precisa verificar a função do assoalho pélvico, o tônus abdominal, o controle postural e a respiração do paciente antes de prescrever essa técnica.

Como Aplicar: Passo a Passo do Exercício Hipopressivo Básico

Aqui vai um exemplo simplificado para uso clínico, em uma fase inicial de tratamento:

Posição Inicial: em pé, com os pés paralelos, joelhos semi-flexionados, braços semiflexionados à frente do corpo.

1. Respiração diafragmática lenta – 3 ciclos completos para preparar o paciente.

2. Expiração total – esvaziar completamente o ar dos pulmões.

3. Apneia expiratória + aspiração diafragmática – o paciente faz uma "falsa inspiração", elevando costelas sem puxar o ar. Isso cria o efeito de sucção na cavidade abdominal.

4. Manutenção da apneia por 10 a 20 segundos, com foco na postura ereta e ativação interna.

5. Inspiração lenta e consciente.

6. Repetição: 3 a 5 vezes por sessão, 2 a 3 vezes por semana.

Com o tempo, é possível progredir para outras posturas, como quadrúpede, sentado, deitado e até dinâmicas.

Quais os Benefícios Reais?

• Melhora do tônus basal do assoalho pélvico
• Redução de sintomas urinários
• Correção postural
• Redução de diástase abdominal
• Melhora da capacidade respiratória
• Estabilização lombopélvica
• Alívio de sensação de peso pélvico ou urgência urinária

Importante: os hipopressivos não substituem o fortalecimento voluntário do assoalho pélvico (como os exercícios de Kegel), mas são um excelente complemento para tratamento e prevenção.

Vamos Concluir?

A aplicação clínica dos exercícios hipopressivos exige conhecimento técnico, escuta ativa do paciente e uma avaliação funcional bem feita. Quando utilizados no momento certo, eles são ferramentas poderosas para ajudar pacientes a restaurarem o controle corporal, a função pélvica e a autoconfiança.

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