Entrevista com fisioterapeuta que trabalha com Fisioterapia Urológica

"A fisioterapia uroginecológica e coloproctológica tem como objetivo o reequilíbrio pélvico de forma a manter as pressões na região da bexiga, uretra e ânus dentro do padrão de normalidade..."

Em resposta aos pedidos do fale conosco, o iSaúde Bahia conversou com a fisioterapeuta Paula Milena sobre os benefícios da fisioterapia uroginecológica. Para aqueles que nunca ouviram falar, essa é a área da fisioterapia responsável por tratar distúrbios na região pélvica o que provoca as famosas infecções urinárias de repetição, perda de urina, entre outros probleminhas inconvenientes. Confira a entrevista.

iSaúde Bahia - Quais problemas esse tipo de fisioterapia pode auxiliar no tratamento? Para quem é indicada?

Paula Milena - A fisioterapia uroginecológica e coloproctológica tem como objetivo o reequilíbrio pélvico de forma a manter as pressões na região da bexiga, uretra e ânus dentro do padrão de normalidade e, com isso, minimizar, ou mesmo excluir, sintomas como: perda de urina aos esforços, flacidez vaginal, infecção urinária de repetição e incontinência fecal. É indicada para homens e mulheres.

iSB - Como são as sessões?

Paula Milena - A palavra chave é FORTALECIMENTO.
Exercícios perineais (vaginal para as mulheres e anal para os homens). Quanto mais fortes estão essas estruturas, mais equilibradas estarão às pressões dentro da uretra, que irá atuar diretamente no controle miccional.

Porém, trabalhar com essa região oferece a possibilidade de reabilitar outros sintomas além da urina. Por isso, a forma de abordagem dos sintomas é diferenciada de acordo com o paciente. Então, oferecemos cinco formas de abordagem.

Fisioterapia urológica feminina: mulheres que apresentam perda urinária aos esforços, mulheres com dificuldade em atingir o orgasmo pela flacidez vaginal ou com presença de queda de órgãos prolapsos.

Fisioterapia urológica masculina: homens que retiraram a próstata  e, como sequela, apresentam incontinência urinária (Prostatectomia).

Fisioterapia uropediátrica: crianças de três a nove anos que apresentam qualquer alteração urinária desde xixi na cama a episódios de infecção urinária recorrente.

Fisioterapia em disfunção sexual: pacientes que apresentam dificuldade em manter a ereção, pacientes com ejaculação acelerada ou demorada, pacientes com dificuldade em atingir o orgasmo ou com flacidez vaginal.
    
Fisioterapia coloproctológica: pacientes que apresentam incontinência anal, constipação, distúrbios da defecação em crianças e adolescentes, úlceras solitárias e retoceles, prolapsosretais, síndromes dolorosas pireneais e neuropatia pudenda.

Usamos tbm, um aparelho de eletroestimulação e biofeedback que ajudará nesse processo de fortalecimento muscular. Esse aparelho vai mensurar o grau de força que a paciente tem e nas próximas sessões irá ajudá-la a aumentar essa força. Além do aparelho, usamos cones de pesos que variam de 20 a 70 gramas. Esses pesos são utilizados somente nas mulheres, onde cada uma tem seu kit para colocar no canal vaginal, e também utilizamos exercícios que vão ajudar com esse aumento da força.   
 
iSB - Pode ser usada de forma preventiva?

Paula Milena - Deve ser usada, sim, como preventiva. Mulheres e homens devem procurar um fisioterapeuta uroginecológico para ensinar os exercícios e, com isso, aprender a fortalecer o períneo prevenindo doenças futuras, assim como melhorar sua vida sexual.

 
iSB - Como a Fisioterapia Uroginecológica pode ajudar na melhora da performance sexual do homem e da mulher?

Paula Milena - O fortalecimento do períneo faz com que o músculo,  no caso dos homens, melhore a força erétil e a ejaculação. No caso das mulheres, esse fortalecimento deixa a musculatura mais sensível, melhorando o orgasmo.Tanto para os homens quanto para as mulheres esses exercícios ajudam a se conhecer melhor e mudar a forma de dar e de sentir prazer.

iSB - No caso de incontinência urinária, a terapia pode ser realizada de forma a substituir o uso de medicamentos?

Paula Milena - Depende do grau da incontinência. Se o paciente sofre desse mal há pouco tempo, a fisioterapia resolve, sim, mas, nos casos mais graves, a fisioterapia ajuda a não ficar dependente do remédio para a vida toda. Esse tratamento é concretizado sempre com a autorização do urologista associado ao fisioterapeuta.  

"Toda mulher pode sim fazer o pompoarismo, porém, mulheres que sofrem de algumas alterações no assoalho pélvico devem primeiramente tratar essa disfunção para depois realizá-lo".

 

iSB - É verdade que nem todas as mulheres podem fazer aula de pompoarismo, porque pode acarretar disfunções no aparelho uroginecológico?

Paula Milena - Toda mulher pode sim fazer o pompoarismo, porém, mulheres que sofrem de algumas alterações no assoalho pélvico devem primeiramente tratar essa disfunção para depois realizá-lo. O pompoarismo é um fortalecimento do assoalho pélvico que consta só de exercícios  (cinesioterapia). Em alguns casos de disfunções, o pompoarismo até ajuda a tratar. 
 
iSB - O público desse tipo de fisioterapia é, em sua maioria, de idosos. A FU pode ajudar os jovens também? Como?

Paula Milena - Pode sim. Cada vez mais tem aparecido no consultório mulheres novas com incontinência urinária e homens jovens com ejaculação precoce. Em todos esses casos, a fisioterapia uroginecológica trata, ajudando-os a voltar às suas atividades com melhor qualidade de vida. Hoje também é bastante comum mulheres grávidas procurarem a fisioterapia uroginecológica para ajudar no parto e diminuir  suas sequelas, principalmente para quem quer ter parto vaginal ou humanizado. 
 
iSB - O que é o assoalho pélvico? Qual a importância desse "conjunto de músculos" para a saúde uroginecológica?

Paula Milena - O fundo da pelve óssea (bacia) termina numa cavidade em forma de funil chamada cavidade pélvica, que contém os órgãos pélvicos  (útero, ovários e bexiga). O fundo deste funil (que na mulher adulta tem cerca de 10 cm de diâmetro) é fechado por uma espécie de "cama elástica" chamada assoalho pélvico.

O assoalho pélvico é formado por 13 músculos, conhecidos em conjunto como musculatura do assoalho pélvico MAP, auxiliados por fáscia e ligamentos que funcionam como elásticos biológicos.

A função de todo esse conjunto é sustentar os órgãos pélvicos, como uma cama elástica sustenta o peso de alguém que pula sobre ela. Os elementos mais fortes e decisivos para este fim são os músculos.

A contração da MAP pode ser facilmente percebida internamente na vagina, logo na entrada e a alguns centímetros de profundidade. É ela a responsável pela sensação de pressão percebida durante a penetração e todo o ato sexual. Nos homens essa contração pode ser percebida com a movimentação dos sacos escrotais e tem a mesma função.

iSB - De que forma a FU cuida dessa região do corpo? 

Paula Milena - Aumentando sua força, melhorando a sensibilidade desse conjunto de músculos, curando doenças e prevenindo-as. 



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