O que é dispareunia?
A dispareunia é um transtorno sexual caracterizado pela sensação de dor genital durante o ato sexual. Pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, mas é mais comum entre as mulheres. A dor geralmente é sentida durante o ato sexual, mas pode ocorrer também antes e depois do intercurso. As mulheres podem descrever a dor como uma sensação superficial, ou até mesmo profunda; e a intensidade pode variar de um leve desconforto até uma forte dor aguda. É mais freqüente do que se pensa, podendo atingir até 50% das mulheres com vida sexual ativa.
Para que o distúrbio seja denominado dispareunia, a dor deve provocar sofrimento ou dificuldade nas relações interpessoais e não ser causada exclusivamente pela falta de lubrificação vaginal, por vaginismo (contrações involuntárias dos músculos da vagina), por condições médicas gerais ou pela ação de substâncias ou medicamentos. A dispareunia leva frequentemente à rejeição ao ato sexual, com conseqüências graves para o relacionamento atual e comprometimento dos futuros, diminuindo o desejo sexual em diversos graus.
Quais são os tipos de dispareunia?
Podemos encontrar os seguintes tipos:
• Primária: quando acontece desde a primeira relação ou tentativa de relação sexual;
• Secundária: as relações sexuais eram normais e, a partir de determinada época, passaram a causar desconforto/dor;
• Situacional: a dispareunia ocorre apenas em determinadas ocasiões ou certos parceiros;
• Generalizada: a mulher é incapaz de conseguir qualquer tipo de penetração, sem que essa se acompanhe de desconforto.
A dispareunia pode ser causada por fatores orgânicos ou psicológicos. Importante destacar que o distúrbio se origina na interação de um conjunto de fatores e não de uma causa isolada. Destacamos os seguintes:
Fatores Orgânicos
• Infecções genitais, tais como candidíase (monilíase), tricomoníase, etc.
• Doenças de pele que acometem a região genital: foliculite, pediculose púbica ("chato"), psoríase;
• Doenças sexualmente transmissíveis, como cancro mole, granuloma inguinal, etc;
• Infecção ou irritação do clitóris;
• Doenças que acometem o ânus;
• Irritação ou infecção urinária;
• Nos homens, podemos destacar a fimose, doenças de pele, herpes genital, doenças do testículo e da próstata.
Fatores Psicológicos
• Dificuldade em compreender e aceitar a sexualidade de uma maneira saudável;
• Crenças morais e religiosas muito rígidas;
• Educação repressora;
• Medos e tabus irracionais quanto ao contexto sexual;
• Falta de desejo em fazer sexo com o(a) parceiro(a);
• Medo de machucar o bebê, quando durante a gestação;
• Falta de informação;
• Traumas infantis relacionados à sexualidade;
• Sentimento de culpa na vivência da sexualidade.
Em uma relação sexual onde a mulher está preocupada, triste, assustada, sejam esses motivos desencadeados por fatores internos ou externos, ela não tem condições de se excitar. Para que isso ocorra, ela precisa estar bem, presente naquele momento da relação. Com a excitação ela ficará lubrificada, o que proporcionará conforto durante o ato em si. Por outro lado, a mulher mal estimulada, com sentimentos ruins relacionados ao encontro sexual, não se excitará adequadamente. Sem excitação não haverá boa lubrificação, logo ela sentirá dor ao ser penetrada. Isso tornará a relação empobrecida, desgastada para o casal, e assim, os conflitos na relação se agravarão cada vez mais. A mulher, com medo de sentir dor novamente na relação, vai evitar o encontro sexual. E novamente o conflito poderá aparecer. Isso tenderá a se tornar um ciclo vicioso, no qual a dor gera medo, o medo gera tensão, e esta gera dor ainda maior.
Acho que tenho esse problema, o que devo fazer?
O primeiro passo é consultar um médico. No caso das mulheres, a maioria desses pacientes, o ginecologista é o primeiro profissional a ser consultado. O médico conversará com a paciente e tentará identificar fatores psicológicos e outros que possam estar afetando sua vida sexual. O exame físico completo ajudará na detecção de fatores orgânicos relevantes para o caso. Ele será capaz de fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento, podendo encaminhar a pacientes para outros profissionais, caso julgue necessário.
A consulta média é de extrema importância porque ele será capaz de detectar possíveis fatores orgânicos, que poderão ser tratados. A abordagem dos fatores psicológicos pode ser feita por vários profissionais, sendo o mais indicado o terapeuta sexual.
O tratamento inclui a psicoterapia que tem como objetivo um maior conhecimento de si própria, de seu corpo, sua forma de lidar com o mundo. E, em geral, é muito agradável para a mulher. Pra ela se dar conta de como lida com o próprio corpo, alguns exercícios podem ser indicados; os quais podem ser feitos sozinhos mesmo e às vezes é o mais indicado, pois alguns parceiros podem atrapalhar o acompanhamento.
Por ser uma síndrome psicofisiológica – conjunto de problemas físicos e psicológicos -, não adianta olhar a mulher somente como um organismo ou somente como um ser psíquico. Os dois atuam juntos ao mesmo tempo. Assim, uma equipe de vários profissionais (ginecologista, urologista e psicoterapeuta) também se faz, na maioria das vezes, necessária.
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