Principais distúrbios sexuais

Mesmo com maior acesso a tratamentos e informações, os distúrbios do sexo são hoje muito comuns para homens e mulheres de todas as idades. Muitos deles têm relação com aspectos psicológicos, de saúde e estilo de vida, o que aponta relações com alguns problemas da vida moderna.

Os números impressionam: de acordo com um estudo recente da Universidade de Nova Jersey, nos Estados Unidos, cerca de dois terços das mulheres relatam algum grau de disfunção sexual feminina, que abarca distúrbios como falta de desejo, problemas de excitação, falta de lubrificação, dificuldade para atingir o orgasmo, falta de satisfação e dor durante o ato sexual.

Casal - Foto: Getty Images
Ejaculação precoce

Estima-se que um em cada quatro brasileiros sofram do problema, que se caracteriza quando o homem não consegue controlar a ejaculação. "Às vezes, o pênis nem chega a enrijecer, somente o movimento de aproximação e o toque do lençol já são suficientes para que termine o que deveria ser muito bom e prazeroso. Por vezes, o homem mantém a ereção por alguns minutos, começa a penetrar, mas logo ejacula, ficando insatisfeito e deixando a parceira na mesma situação, explica Archimedes Nardozza , presidente da Sociedade Brasileira de Urologia e médico do Hospital São Luis.

Comum na juventude, em encontros com parceiros novos ou após algum tempo de abstinência, ela se torna doença quando se estende pela maturidade comprometendo a vida sexual do homem na maioria, senão em todas relações sexuais que pratica. Com mais de 80% dos casos com origem emocional, o transtorno sexual tem cura e requer atenção redobrada já que pode desencadear males como a disfunção erétil e a depressão, além de prejudicar a vida sexual do casal.

Não há uma duração considerada ideal para medir o momento certo da ejaculação, já que o que conta é a satisfação do casal durante o sexo. "Não existe um tempo específico antes de ejacular para definir esse problema sexual. Costuma-se seguir um padrão de cinco minutos após a penetração ou, antes que ela ocorra, para identificar o problema. Mas a definição está tanto na sua percepção quanto na do parceiro de que a ejaculação foi mais rápida do que o esperado", explica o especialista em saúde masculina Érico Roldave. "Sentimentos de culpa e ansiedade se tornam uma constante quando o problema é crônico e isso pode trazer dificuldades maiores como a disfunção erétil (impotência) e a perda de intimidade no casal", continua Érico.

Impotência sexual

As causas que envolvem a disfunção erétil ainda são um tabu para a maioria dos homens. Um recente estudo apresentado em Bruxelas (Bélgica) durante o Congresso das Sociedades Europeia e Internacional de Medicina Sexual mostra que 50% dos homens desconhecem as causas da disfunção erétil. Entre os 174 entrevistados, 70% afirmaram que teriam procurado o médico mais rapidamente se soubessem que o problema pode estar ligado à doenças como diabetes, hipertensão e síndrome metabólica. A disfunção atinge mais de 150 milhões de homens em todo o mundo e, em 64% dos casos, está associada a doenças crônicas.

Segundo o urologista Helder Machado, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Orêncio de Freitas, em Niterói (RJ), grande parte dos homens só procura o médico quando já não consegue mais manter ereções suficientes para a penetração. "A maioria sente vergonha da disfunção erétil e chega ao consultório estimulado pela parceira ou quando a relação conjugal está deteriorada", diz o especialista.

Segundo o urologista, é importante que o homem se informe e esteja ciente sobre a ligação da disfunção erétil com doenças crônicas como diabetes, hipertensão e obesidade. "A dificuldade de ereção é vista como um marcador para a síndrome metabólica e outros males que podem estar relacionados à queda dos níveis de testosterona", explica. "Portanto, é interessante que o paciente com problemas de ereção faça a checagem de testosterona também", completa o médico.  

Sexo - Foto: Getty Images
Orgasmo: um mistério?

O orgasmo feminino ainda é uma grande dificuldade para boa parte das mulheres e um mistério para os homens. Dados da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo apontam que 18,2% das brasileiras recebem o diagnóstico de anorgasmia (ausência de orgasmo) e 5,2% de inibição sexual generalizada, que aponta para problemas de excitação durante as relações sexuais. Mas por que tantas dificuldades para chegar ao orgasmo?

 De acordo com a terapeuta sexual Tânia das Graças Mauadie Santana, coordenadora do Centro de Referência e Especialização em Sexologia (Cresex), o que mais pesa nessa situação é o lado psicológico da mulher. "A grande maioria dos diagnósticos de distúrbios sexuais é de natureza psicológica, social ou cultural. Somente 13% das pacientes têm problemas de natureza orgânica, como alterações hormonais ou distúrbios originados por alguma doença", explica.  

Sexo - Foto: Getty Images
Falta de desejo sexual

Muitos fatores podem estar por trás na baixa do desejo sexual, quando o problema não é alguma falha no "funcionamento" sexual ou no orgasmo, mas sim a falta de vontade, inclusive para pensar no assunto. De acordo com o psicólogo e sexólogo Paulo Bonança, desestabilizações hormonais, uma rotina conturbada que gera cansaço e estresse e a relação com o companheiro são os principais fatores ligados à disfunção no desejo sexual.

Para muitos homens, o Viagra solucionou um dos maiores problemas sexuais, a disfunção erétil. No entanto, o remédio não funciona sem o desejo nem atua sobre seus mecanismos. Homens insatisfeitos com o desempenho, que creditam seu problema à disfunção erétil, experimentam a pílula azul por contra própria e, decepcionados com os resultados, acabam batendo à porta dos consultórios.

Nas mulheres, a falta de desejo sexual pode chegar ao limite da patologia, mas é mais difícil de ser detectada. "A mulher vive sob influência de ciclos e é muito suscetível às diferentes fases pelas quais passa: menstruação, gravidez, menopausa. Por isso, o desejo delas por sexo varia de acordo com esses ciclos. É natural, mas a mulher precisa ficar atenta, caso isso se repita por muito tempo", explica a psicóloga e sexóloga Maria Claudia Lordello, do projeto Afrodite, da Unifesp. No entanto, essa disfunção, chamada de desejo sexual hipoativo (DSH), é mais comum do que se imagina, atingindo 35% das mulheres brasileiras. Mas a DSH não acontece de uma hora para outra. Normalmente, as mulheres que sofrem com a síndrome perdem gradativamente a vontade sexual. As causas dessa diminuição podem ser tanto físicas como psicológicas e necessita de acompanhamento especializado.  

Compulsão por sexo

Quando o desejo sexual foge ao controle e gera atitudes autodestrutivas e, assim como a dependência por drogas ou por jogos de azar, necessita de tratamento. Uma das características dos viciados em sexo é a de estar sempre pensando ou fantasiando algo relacionado a sexualidade. "São pensamentos constantes, que deixam a pessoa inquieta", explica a psicóloga e terapeuta sexual do ISEXP, (Instituto Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática) Arlete Gavranic. Mas como saber se seu comportamento é inofensivo ou caracteriza compulsão?

A terapeuta esclarece que o sexo patológico fica evidente quando esse desejo passa a atrapalhar a vida da pessoa, impedindo-a de fazer atividades normais, (trabalhar, estudar, ir a eventos sociais, praticar esportes, ter um lazer) que exigem concentração e dedicação. Além disso, dificilmente o dependente consegue se concentrar em algo que não esteja relacionado ao sexo. Sendo assim, não só as pessoas que fazem muito sexo podem ser viciadas, mas também as que fantasiam ou se masturbam excessivamente.

No caso da masturbação, em casos extremos de dependência, a pessoa pode chegar a machucar o pênis ou a vagina de tanto estimular a região. Outro indício é quando a pessoa interrompe com frequência o que está fazendo - trabalho ou estudo, por exemplo - para se masturbar.



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