Reabilitação na Insuficiência Renal Crônica








Nas pessoas em diálise, a tolerância aos exercícios (determinada pela bicicleta ergométrica) é de apenas 50% da população geral. Nos pacientes em diálise com mais de 60 anos, o motivo mais freqüentemente apresentado para as limitações das atividades foi a fadiga, tendo os pacientes em diálise menor capacidade para subir escadas, caminhar e realizar trabalhos pesados ao redor da casa, do que um grupo-controle distribuído por idade, raça, sexo e problemas cardíacos. A redução da massa muscular, da densidade capilar dos músculos e a menor proporção de fibras musculares tipo 2, nos pacientes em diálise, são semelhantes ás alterações da morfologia muscular que ocorrem na inatividade física (desuso), na ausência da nefropatia em estágio terminal (NET) (O’YOUNG, 2000).

A intervenção precoce, para evitar a incapacitação, antes do início da diálise, é ótima para manter o emprego, as relações e a atividade física, mas a maioria dos pacientes pode ser beneficiada, em qualquer momento, por um programa de exercícios. A avaliação e tratamento fisioterapêutico podem facilitar a recuperação após transplante ou hospitalização por qualquer outro motivo (O’YOUNG, 2000).

A maioria das orientações de exercícios aeróbicos recomenda controlar o treinamento pela freqüência cardíaca, mas isso não tem utilidade em pessoas que estão tomando bloqueadores beta-adrenérgicos, para controlar a hipertensão, pois esses medicamentos impedem o aumento normal da freqüência cardíaca, induzida pelo exercício. Eliminados os riscos específicos, os riscos da falta de exercício são maiores do que os de realizá-los, também para o idoso(O’YOUNG, 2000) .
Quase todos os pacientes em NET podem engajar-se em exercícios de estiramento e de fortalecimento leves, pois muitos deles são capazes de realizar, diariamente, 30 minutos de atividades físicas (O’YOUNG, 2000).

O momento mais seguro para os pacientes diabéticos fazer exercícios é durante a diálise, quando a glicose sanguínea está “pinçada” pelo dialisado. É, importante, em todos os pacientes, a proteção da diálise durante o exercício. Os pacientes em diálise peritoneal devem evitar a pressão abdominal, quando cheios de dialisado, mas devem fazer exercícios de fortalecimento abdominal e de alongamento das costas, durante uma troca, quando estiverem apenas meio cheios.

É importante o monitoramento freqüente, para a identificação precoce de alterações clínicas significativas, da tolerância ao exercício, pequenas lesões que possam desestimular hábito de exercícios regulares ou necessidade de terminar objetivos individuais. Os pacientes devem manter um registro de atividades diárias de exercício, sua intensidade e duração.

Os benefícios do exercício em pacientes com insuficiência renal crônica são os mesmos observados na população geral, mais os relacionados com os desafios especiais da insuficiência renal. Os exercícios regulares aumentam a força, a flexibilidade, a resistência muscular, aumentam a integridade óssea e dos ligamentos, o volume sistólico cardíaco, diminuem a freqüência cardíaca em repouso, aumentam a ventilação pulmonar, as lipoproteínas de lata densidade, reduzem os triglicerídeos, aumentam a massa muscular e reduzem a porcentagem de gordura corporal (O’YOUNG, 2000).

O exercício físico pode reduzir, interromper ou reverter o descondicionamento progressivo que caracteriza, muitas vezes, a evolução do IRC, melhorando assim, a qualidade de vida, evitando fragilidade progressiva, mantendo a independência, contornando o internamento em asilo e acelerando a recuperação do paciente da doença, da cirurgia e da fadiga pós-diálise. Os exercícios aeróbicos regulares facilitam o controle da pressão sanguínea, freqüentemente reduzindo as necessidades de medicamentos, e os riscos cardíacos, ambos graves problemas pra muitos pacientes com IRC. Os exercícios de treinamento aumentam a tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina. Os exercícios regulares reduzem a depressão, a hostilidade e a ansiedade, melhorando o sono, humor, vivacidade mental, controle de peso, auto-imagem e o senso de responsabilidade com a própria saúde. O exercício durante a diálise reduz a freqüência de episódios hipotensivos sintomáticos, calafrios e cãibras musculares, facilitando a remoção dos fluidos (O’YOUNG, 2000).

Quando o paciente irá fazer um transplante renal, o fisioterapeuta deve fazer uma avaliação pré-operatória, e orientar e tratar este paciente. O fisioterapeuta deve preparar este paciente fisicamente e ajudar psicologicamente também. Atividades respiratórias como enfatizar a respiração diafragmática, remoção de secreções , e exercícios de membros inferiores pra manter a circulação são alguns pontos do tratamento pré-operatório. É necessário também alinhar este paciente corretamente no leito. Após o transplante, o fisioterapeuta deve certificar-se do estado do paciente antes de começar o tratamento. Algumas metas neste estágio são promover o relaxamento e aliviar a dor pós-operatória, manter a ventilação adequada e reexpandir o tecido pulmonar para prevenir atelectasia e pneumonia, remover secreções, manter a circulação dos membros inferiores, manter a amplitude de movimento, prevenir defeitos posturais, restaurar a tolerância aos exercícios. O fisioterapeuta deve tirar o paciente do leito o quanto antes para auxiliar no funcionamento do intestino (KISNER, 1998).


Bibliografia:

O’YOUNG, Bryan et al. Segredos em medicina física e de reabilitação: respostas necessárias ao dia-a-dia em rounds, na clínica, em exames orais e escritos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

KISNER, Carolyn e Colby, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 3ºed. São Paulo: Manole, 1998.

MANDAL, Anil K. e Jennette, J. C. Doença renal e hipertensão: Diagnóstico e Tratamento. Rio de Janeiro: Revinter, 1993.

JÚNIOR, Annibal Nogueira e Sanitos, Osmar da Rosa. Doença dos Rins. São Paulo: BYK, 1988.

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