O câncer de próstata em idosos
A próstata, glândula de dimensões diminutas localizada na base da bexiga, pode ser sede de dois processos distintos. O primeiro é o crescimento benigno, chamado de hiperplasia, que acomete quase 90% dos homens após os 40 anos e que produz dificuldade para a eliminação da urina. O segundo é o câncer da próstata, que surge associado ou não ao crescimento benigno e que se manifesta quase sempre depois que os homens completam 50 anos. (http://www.uronline.unifesp.br/uronline/ed1098/caprostata.htm)
O parênquima prostático é composto de tecido glandular dentro de um estroma fibromuscular. As glândulas e o estroma fibromuscular da zona de transição sofrem mudanças marcantes com o envelhecimento. Ocorre uma verdadeira hiperplasia desses elementos a qual parece ser hormônio-sensível. Além da sensibilidade hormonal, o componente muscular liso da próstata é responsivo à estimulação nervosa. (DUTHIE e KATZ, 2002)
A evidência de hiperplasia benigna prostática é de mais 50% dos homens com idade acima de 70 anos. A probabilidade de achados de câncer prostático é diretamente proporcional à idade, e quanto mais idoso um homem fica, mais provável é que o câncer esteja oculto em alguma região da próstata. Ao menos 80% dos homens de 90 anos de idade abriga um adrenocarcinoma em algum ponto da próstata. (DUTHIE e KATZ, 2002)
Todo homem nasce programado para ter câncer da próstata, pois todos carregam em seu código genético os chamados "proto-oncogens", que dão a ordem para uma célula normal se transformar em outra maligna. Isto só não ocorre indiscriminadamente porque a função dos proto-oncogens é antagonizada por outro grupo de gens protetores, chamados de "supressores", dos quais os mais conhecidos são o p53 e o p21. Estes gens promovem o suicídio das células toda vez que elas sofrem um processo de degeneração maligna, num fenômeno conhecido como apoptose. O câncer da próstata surge porque as múltiplas divisões celulares, que ocorrem em todos os seres vivos, acompanham-se de discreta fragmentação dos cromossomos, que vão se privando de parte do seu material genético. Com o decorrer dos anos acumulam-se perdas dos gens supressores, que libera a atividade dos proto-oncogens e permite a degeneração das células prostáticas. (http://www.uronline.unifesp.br/uronline/ed1098/caprostata.htm).
A grande maioria dos casos ocorre em homens com idade superior a 50 anos e naqueles com história de pai ou irmão com câncer de próstata. Os riscos aumentam de 2,2 vezes quando um parente de 1º grau (pai ou irmão) é acometido pelo problema, de 4,9 vezes quando dois parentes de 1º grau são portadores do tumor e de 10,9 vezes quando três parentes de 1º grau têm a doença. Nos casos hereditários, o câncer se manifesta mais precocemente, muitas vezes antes dos 50 anos. Por isto, os homens com história familiar devem realizar exames preventivos a partir dos 40 anos e não dos 50 anos, como se recomenda habitualmente. (GOMES, et al., 2008).
O câncer de próstata causa poucos sintomas nos seus estágios iniciais e, infelizmente, é apenas nos estágios iniciais que pode ser tratado com sucesso. A maioria dos homens apresentando sintomas relativos ao esvaziamento vesical tem algum outro problema que não o câncer de próstata, como a HPB ou infecção do trato urinário como fonte do problema. (DUTHIE e KATZ, 2002) A avaliação inicial da glândula prostática, deve ser suficiente para rastrear a presença de câncer prostático. Quando a avaliação inicial sugere que o paciente pode encontrar-se em risco elevado de apresentar câncer de próstata, devem ser indicados testes adicionais. (DUTHIE e KATZ, 2002)
Testes diagnósticos:
Antígeno Prostático-Especifico é uma glicoproteina especificamente fabricada na próstata e encontrada na circulação dos homens com tecido prostático. O PSA pode estar elevado em pacientes em condições prostáticas anormais como o câncer de próstata, a HPB ou condições inflamatórias da próstata. Níveis elevados inexplicados devem alertar para a possibilidade de presença do câncer prostático e deve ser feito encaminhamento imediato para a realização de ultra-sonografia prostática e biopsia. (DUTHIE e KATZ, 2002)
O exame de ultrassom feito através do ânus permite visualizar as chamadas áreas hipoecóicas dentro da próstata, típicas das lesões cancerosas. Este exame, falha em 60% a 70% dos pacientes, deixando de evidenciar tumores que estão presentes ou demonstrando áreas hipoecóicas que não são malignas. Por isto, o ultrassom é utilizado pelos urologistas em alguns casos de dúvida clínica e, principalmente, para orientar a realização de biópsias da próstata. (http://www.uronline.unifesp.br/uronline/ed1098/caprostata.htm). Portanto, a ultra-sonografia da próstata é usada como ferramenta de diagnóstico para orientar as biópsias quando há suspeita de câncer prostático, seja pelo toque retal, pelo nível anormal do PSA ou por uma história que seja sugestiva de câncer de próstata, como a presença de metástases ósseas recentes sem causa aparente em um homem idoso. (DUTHIE e KATZ, 2002)
O encaminhamento para biopsia de próstata está indicado quando a próstata for anormal e levante suspeita de câncer prostático ao toque retal, quando o nível anormal do PSA não estiver relacionado com a inflamação ou aumento inexplicável da próstata, quando a ultra-sonografia prostática for anormal, levantando suspeita de câncer ou quando houver suspeita de câncer de próstata metastático em um paciente sem história anterior de câncer. (DUTHIE e KATZ, 2002)
Ao planejar o tratamento do câncer da próstata, os médicos levam principalmente em consideração a extensão da doença. Os tumores localizados inteiramente dentro da glândula, denominados estágio A ou B, às vezes não precisam ser tratados, mas quando isto for necessário, pode-se recorrer à cirurgia, tecnicamente denominada prostatectomia radical, ou à radioterapia. Quando o câncer atinge os envoltórios da próstata, o chamado estágio C, costuma-se indicar tratamento radioterápico. Finalmente, quando o tumor se estende para outros órgãos, instalando outros focos de câncer denominados metástases, a doença é classificada como estágio D e é tratada com castração ou hormônios.(http://www.uronline.unifesp.br/uronline/ed1098/caprostata.htm). Uma grande controvérsia médica envolve o tratamento dos pacientes com câncer localizado da próstata. Observou-se que 89% e 93% dos pacientes submetidos à prostatectomia radical e entre 66% e 86% dos casos tratados com radioterapia externa estavam curados após 10 anos de acompanhamento. O painel deu importância à avaliação feita após 10 anos, porque com cinco anos quase 100% dos pacientes com câncer localizado da próstata estão vivos, qualquer que seja o tratamento aplicado. Embora o prognóstico dos casos de tumor disseminado pelo organismo seja mais reservado, cerca de 35% destes pacientes permanecem vivos e bem após cinco anos, muitos sobrevivendo mais de 10 anos.A existência de focos de tumor ou metástases em outros órgãos torna inútil a tentativa de se erradicar o tumor prostático inicial através de cirurgia ou de radioterapia.
(http://www.uronline.unifesp.br/uronline/ed1098/caprostata.htm)
A prevenção do câncer da próstata não pode ser feita de forma eficiente, no momento, porque ainda não são conhecidos os fatores que modificam a maquinaria celular, tornando-a maligna. (http://www.uronline.unifesp.br/uronline/ed1098/caprostata.htm).
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