Fisioterapeuta conhecendo o câncer de mama
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres, são de mama.
Os sintomas podem ser: nódulo palpável no seio, raramente acompanhados de dor mamária; podem também surgir nódulos palpáveis na axila; em casos avançados podem ter alterações na pele que recobre a mama, como um aspecto semelhante à casca de laranja.
Nem sempre a mulher consegue detectar esse nódulo e por isso a consulta ao médico pelo menos uma vez ao ano é necessária, assim como a realização da mamografia a partir de 40 anos.
Quando um nódulo é detectado, a paciente é submetida ao tratamento do câncer de mama, que, nos dias atuais, tem obtido muito êxito. Este tratamento é sempre individualizado, de acordo com as necessidades de cada paciente e levando em consideração idade, tamanho e tipo do tumor, tipo da cirurgia e o avanço para a região da axila. A abordagem terapêutica pode incluir o procedimento cirúrgico, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia.
O controle da axila é importante pois são os linfonodos desta região que são responsáveis por receber a drenagem da mama, e portanto, correm mais risco de receptar células tumorais vindas da mama. A investigação do comprometimento axilar se faz no ato cirúrgico, pela busca do linfonodo sentinela (1) ou efetivamente pela retirada destes linfonodos acometidos. Em ambos os casos, a paciente deve seguir alguns cuidados , já que seu sistema linfático torna-se comprometido, o que pode predispor ao aparecimento do linfedema (2).
As informações dos cuidados no pós-operatório devem ser dados pelo médico e/ou pelo fisioterapeuta e devem ser seguidos pelo paciente para evitar o aparecimento do edema ou outras complicações. Há cuidados gerais para evitar ferimentos ou atividades em excesso no braço do mesmo lado da cirurgia, porém, as orientações devem ser dadas individualmente pois levam em consideração as atividades de cada pessoa. Além disso, a realização da auto drenagem, orientada pelo fisioterapeuta, proporciona um conforto e é um metodo preventivo, de fácil aplicação para as pacientes. Um melhor conhecimento do que se deve ou não fazer com o braço após a cirurgia, pode ajudar a evitar o aparecimento do linfedema.
Após a cirurgia, a paciente pode ficar com o movimento do ombro comprometido, devido à restrição pelo dreno, cicatriz cirúrgica, por dor ou medo. Há necessidade, portanto, de um acompanhamento fisioterapêutico para reabilitação destes movimentos e também para orientar o correto modo de realizar atividades diárias, evitar deformidades e compensações dos movimentos do corpo, verificar se há complicações como aparecimento de edemas, retrações da cicatriz cirúrgica, falta de sensibilidade, síndrome do cordão axilar (3), entre outros.
No caso de reconstrução da mama (cirurgias plásticas), as orientações também devem ser dadas e os movimentos devem ser acompanhados para não haver complicações no pós-operatório.
Um acompanhamento fisioterapêutico especializado ajuda numa melhor e mais rápida recuperação e evita inúmeras complicações no pós-operatório do câncer de mama.
O tratamento multiprofissional (4) visa uma restauração global da paciente, em âmbitos nutricionais, físicos, emocionais, psicológicos e de auto-estima.
(1) Biópsia do linfonodo sentinela: o linfonodo sentinela, na axila, é o primeiro linfonodo que recebe a drenagem linfática da mama e, portanto, sua biópsia permite avaliar se há presença de tumor na região axilar, o que define a retirada ou não dos demais linfonodos. A técnica utiliza-se de corantes ou biomarcadores, que apontam este linfonodo sentinela, dando a possibilidade da sua retirada.
(2) Linfedema: doença crônica, caracterizada pela deficiência do sistema linfático, o que propicia o acúmulo de proteínas e moléculas de alto peso molecular no instestício, resultando num edema do membro afetado. Pode acarretar em sintomas como sensação de peso, restrição de movimentos, alterações posturais, dor e exclusão social. O edema do membro superior após o tratamento do câncer de mama tem como fatores predisponentes o esvaziamento axilar e/ou a radioterapia.
O diagnóstico do linfedema se faz pela história e exame físico do paciente, embora às vezes seja necessário a realização de um exame (linfocintilografia) para confirmação do mesmo.
(3) Sindrome do cordão axilar (Axillary Web Syndrome) é caracterizada pelo aparecimento de um cordão fibroso ao longo dos espaços dos vasos linfáticos retirados na cirurgia da mama. De causa ainda não muito bem conhecida, esse cordão pode ir desde a axila passando pela região medial do braço e antebraço, e chegar até a base do polegar. Pode ser palpável e visível através da pele, provocando dor e restrições na amplitude de movimento.
(4) Equipe multiprofissional: formada por inúmeros profissionais com um único objetivo de dar apoio completo para o paciente. Pode ser formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, entre outros.
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